No último artigo aprendemos como a virtude da paciência e da perseverança podem nos ajudam a lidar com o sofrimento de forma positiva e construtiva.
Neste novo artigo👌🏻, vamos conhecer mais duas virtudes pela qual o sofrimento pode produzir em nós e como podemos utilizá-las para superar os padecimentos da vida.
A FÉ é outra VIRTUDE privilegiada quando o assunto é o sofrimento.
Sempre que eu vou dar uma palestra, ou falar sobre esse tema, eu sempre digo que, a fé seria realmente inútil se não fosse para ser praticada ou vivenciada no sofrimento. É justamente quando estamos passando pelas provações que a fé precisa entrar em ação.
E por que a fé é tão importante para nós diante do mistério do sofrimento? Simplesmente pelo fato do sofrimento caminhar pelas estradas do mistério do homem quanto criatura manchada pelo pecado original. Este mistério só pode ser entendido sob a perspectiva da fé que tem o papel de manter “sóbrio” a consciência do homem, a fim dele não perder o foco do “para quê” devemos suportar os sofrimentos.
A fé é fundamental para nossa sanidade psicológica e espiritual. Ela sempre nos recorda de que barro viemos e para onde se projeta a nossa vida permanente.
“A fé é uma garantia antecipada do que se espera, a prova de realidades que não se veem”.
A fé garante que as decisões não sejam tomadas apenas com a razão ou com a inteligência. Apesar de termos capacidades de absorver muito conhecimento, sempre seremos limitados, pois o conhecimento de Deus não se limita apenas na razão humana, mas, pelo conhecimento sobrenatural que transcende a razão pela fé.
A fé é aquela voz que dá a última palavra as nossas decisões. Depois de esmiuçar nosso conhecimento e a nossa reflexão sobre determinado assunto, a fé vem ao final decidir o trajeto do nosso coração, seguro de conhecer o bem e o mal, nos aponta para o caminho do bem. A fé não elimina a razão e o conhecimento intelectual, mas os à valida.
A fé é uma verdade que o inimigo não suporta. A nossa fé é a arma que o inimigo mais teme. Sem a fé, somos alvos fáceis para o inimigo e corremos o grande risco de entrar na atmosfera do egocentrismo e do vitimismo pessoal.
“O vigor da fé liberta o coração do veneno do vitimismo”.
A perseverança na tribulação por meio da fé pode derrubar todo o império do mal sobreposto sobre nossos sofrimentos, que muitas vezes pesa demasiadamente a nossa cruz. É justamente na constância do exercício da fé que a vitória chegará ao seu triunfo sobre o mistério do sofrimento humano.
A fé move montanhas e por maior que seja o nosso sofrimento, se tivermos fé, para Deus nada será impossível. Contudo, ter fé não nos retira o direito de sofrer. Por isso mesmo a fé é tão importante quando o assunto é sofrimento. Pois além dela ser necessária para superar as provas da vida, o próprio sofrimento também tem a função de aperfeiçoar essa virtude em nós. Ou seja, quanto mais sofrimentos passarmos, maior e mais robusta será a virtude da fé em nós. É isso vale para as outras virtudes também.
E por último, mas não menos importante, ressalto a VIRTUDE DO AMOR.
o amor reune em si todas as outras virtudes, e sem amor é impossível o florescimento de qualquer outro dom.
Santo Afonso de Ligório dizia que a esperança faz crescer o amor e o amor faz crescer a esperança. O amor que São Paulo também chama de caridade, é a base de tudo. É o fio condutor de todas as outras virtudes. É o começo, meio e fim de toda a nossa vida. Por amor Deus criou o mundo e nele manifestou o seu amor de forma maravilhosa.
É como diz a letra de uma música do Pé. Fábio de Melo - “O amor, palavra pequena de quatro letras, dentro dela o Universo, ela explica Deus”.
Eu posso até ter fé, muita fé, mas, se eu não tiver amor como base e finalidade desta fé, de nada vale. Podemos ser pacientes, cheios de esperança na vida, enfrentar grandes tribulações com sorriso nos lábios, mas, se não estivermos arraigados no amor tudo isso não passa de um mero esforço humano e de um galanteio apenas superficial, que chama a atenção, mas não tem eficácia, não produz frutos que gere no outro o próprio amor.
São Francisco de Sales afirmou que a caridade que não é caridosa, decorre de uma caridade que não é verdadeira.
O amor requer o conhecimento de Deus, pois Deus é amor! Ele é a fonte de todo amor. D’ele, nasce todo amor. E a prova de que Ele nos ama, esta no fato d’Ele nos ter amado por primeiro.
O amor pode ser compreendido e aperfeiçoado também através do sofrimento. Nisto consiste a perfeição do amor em nós, pois quem ama sofre, mas quem não ama sofre muito mais. O amor genuíno a Deus pode e deve ser medido pela nossa capacidade de sofrer por amor a Ele.
Portanto, amar a Deus requer uma certa capacidade de também sofrer por Ele e por amor a Ele. Santa Faustina dizia que só o amor pode tornar nossas atitudes grandes.
E aqui esta a grande ligação que o amor tem junto as outras virtudes dentro deste universo do sofrimento humano. Quem escolhe amar, precisa estar disposto a também aceitar sofrer, pois não há exceção, quem ama sofre, e quem não ama sofre ainda mais. A vantagem é; que amando, podemos superar qualquer sofrimento, na qual o pior sofrimento, pode gerar em nós o amor cada vez mais genuíno a Deus.
“O amor é uma força que permite à pessoa, por assim dizer, superar a si mesma!”
Se quisermos adquirir a virtude do amor, teremos que dobrar as mangas e suar a camisa, pois sem esse esforço efêmero é quase impossível conquistar um amor que seja capaz de dar sentido aos nossos sofrimentos. O amor perfeito é aquele na qual a pessoa conserva a si mesma e pode tornar-se dom para o outro.
Conclusão
Para finalizar vale ressaltar que as virtudes se entrelaçam e enriquecem simultaneamente, pois nenhuma virtude tem êxito isoladamente. Elas só podem dar frutos quando unidas uma na outra. Este processo depende do nosso esforço e só floresce quando as dificuldades existem. Ou seja, quando estamos passando por momentos de tribulações e sofrimentos é que essas virtudes desabrocham.
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Nos veremos no próximo artigo da nossa série onde vamos refletir “Como encontrar caminhos para superar o sofrimento”, até lá.
Referências:
Em busca do sentido, Viktor Frankl e "O sentido salvífico do sofrimento humano"
Marcelo Pereira
Autor do livro: O sentido salvífico do sofrimento humano e apresentador do programa “Na Escola do Sofrimento”.
E-book
As Quatros Virtudes Cardeais
Autor: Marcelo Pereira
No Catecismo da Igreja Católica, estas quatro virtudes levam o nome de Cardeais e também tem nome similar com o mesmo sentido: - Justiça (que é justiça mesmo) - Prudência (que é a inteligência) - Temperança (que é a medida) - Fortaleza (que vem da coragem) As quatro virtudes Cardeais têm como objetivo desenvolver riquezas em nossas almas e de nos conduzir até o nosso verdadeiro eu.
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