Acredito que você esteja aprendendo muito com nossa série de artigos “Como encontrar um propósito através do sofrimento”.
No artigo 1, vimos que o sofrimento é uma parte inevitável da vida humana, e é algo que todos nós experimentamos em algum momento da vida. Muitas vezes, o sofrimento pode parecer sem sentido e insuportável, mas vimos que ele também pode ser uma valiosa oportunidade de aprendizado e crescimento espiritual.
No artigo 2 e 3, aprendemos como encontrar um significado em momentos difíceis de sofrimento.
E no artigo 4 começamos a aprender como o sofrimento pode se tornar uma fonte de virtudes e de crescimento espiritual.
Como eu prometi, hoje vamos conhecer duas das 4 virtudes tangíveis capaz de produzirem em nós esta “confiança” que vai nos assegurar que nosso sofrimento não é maior que Deus e por isso se torna superável.
No meu livro “O sentido salvífico do sofrimento humano” (página 109), eu começo dizendo que: “o sofrimento produz em si, quatro virtudes que podem elevar uma alma sofredora a um alto grau de santidade, superando em si mesma, os próprios limites que o sofrimento produz". Contudo, estas virtudes só podem ser alcançadas sob a luz da caridade divina.
Toda e qualquer virtude só tem sentido a partir da experiência do amor de Deus. Ela nasce exclusivamente do coração de Deus por meio do Espírito Santo que distribui segundo os seus desígnios. A partir deste fundamento do amor como dom maior, devemos canalizar nossos sofrimentos em direção a Deus, para que no seu amor, possa produzir em nós virtudes de santidade capaz de superar qualquer sofrimento.
1. A primeira virtude que gostaria de refletir com você é a PACIÊNCIA.
Eu diria que: a PACIÊNCIA é a maior virtude de uma alma que sofre. Sem ela é impossível sermos beneficiados pelas outras virtudes. São Tiago diz que “quando uma pessoa passa pelo fogo da provação a primeira coisa que ela produz é a virtude da paciência, pois a tribulação floresce a paciência. Ela serve para instigar a paciência em nós”.
A paciência é a única forma de manter lúcida a esperança. Sem paciência não há esperança, e sem esperança não há sentido sofrer.
A paciência é uma forma de manter sóbria a nossa memória, lugar onde podemos dialogar com o mistério da dor, sem perder o sentido do “para quê” estamos passando por tal
sofrimento.
Quando chegamos ao ápice do desespero, perdemos o sentido das palavras. Some completamente nossas referências virtuosas e a bússola dos nossos sentidos parece não mais encontrar o seu norte. É por isso que no auge das nossas emoções nervosas, não devemos tomar decisões rápidas e impulsivas, justamente por ela nos segarem o sentido das coisas. Então, é preciso que entre em ação a virtude da paciência para que aconteça dentro de nós um diálogo consciente, como: o por quê, e o para quê isso está acontecendo.
Quem tem um porquê, suporta qualquer como.
A paciência salvou a muitos como também a sua ausência matou milhares. A ausência de virtude cria espaço para a evolução da insanidade intelectual e espiritual.
Veja o que aconteceu com o povo de Israel durante a longa caminhada de 40 anos no deserto. O desespero e a rebeldia daquele povo, nasce justamente na ausência da paciência em esperar que as promessas do Senhor se cumprissem, pois o que vale a pena possuir, vale a pena esperar. “Esperar é uma forma de crer em segredo”, dizia Padre Fábio de Melo.
A paciência é um fruto que vem do amor de Deus, da caridade que é paciente, que tudo crê, tudo espera e tudo suporta. Portanto a paciência é um dom que se deve pedir a graça de obtê-la. Ela também é fruto do Espírito Santo e uma vez recebida esta graça, cabe a nós praticá-la nas mínimas ocasiões de sofrimento.
Santa Teresa D’ Ávila nos ensina que a paciência tudo alcança.
2. Em seguida, vem a VIRTUDE DA PERSEVERANÇA.
Posso afirmar que a paciência está intimamente ligada a perseverança, embora as duas tenham funcionalidades diferentes, contudo esta união vai depender se saberemos ou não esperar. A paciência e a perseverança tornam possível uma alma vencer ou superar o sofrimento seja qual for. Quando pensamos na hipótese de suportar o sofrimento, não podemos atribuir a isso uma conotação negativa como linguagem conceitual ou como finalidade do mesmo, pois o sofrimento traz em si, as virtudes necessárias para enfrentar qualquer prova da vida. Se há sofrimento, há também virtudes, caso contrário, seria desnecessário haver virtude se não houvesse motivos para exercê-las.
Querer enfrentar o sofrimento apenas pelas forças humanas é caminhar para uma ignorância espiritual. Nem mesmo a resiliência sozinha é suficientemente um elemento eficaz para superar certos tipos de sofrimentos. É preciso do auxilio das virtudes para complementarem uma as outras.
A perseverança é uma virtude oferecida por Deus para que a nossa humanidade revestida por esta graça, possa alcançar a meta de superar qualquer obstáculo que venha surgir em nossa caminhada. É preciso manter constantemente focado a mente e o coração em nossa meta se quisermos alcançar o nosso objetivo.
A perseverança exige de nós muito esforço físico e dedicação da nossa vontade do querer e acima de tudo, a adesão do nosso coração. Sem a graça sobrenatural de Deus sobre nós, este esforço chegará logo ao seu limite exaustivo próprio da natureza humana.
A perseverança é isso! Quanto maior for a nossa persistência, maior será a força da perseverança em nós. Deus vê o coração de quem luta, e não se importa com o número de vezes que essa pessoa venha cair, mas sim, o número de vezes que ela foi capaz de se reerguer e continuar a sua caminhada e sua meta. Se persistimos ou resistimos, logo virá a graça de Deus sobre nós.
Quem tem um grande ideal, suporta qualquer sofrimento. Quem não sabe onde quer chegar, não transcende os obstáculos da dor e do sofrimento. Se a nossa finalidade é grande, nenhum sofrimento por maior que seja poderá nos impedir de alcançar esta meta.
Conclusão:
As duas próximas virtudes da FÉ e AMOR, vamos refletir no próximo artigo. Contudo, vale ressaltar que as virtudes se entrelaçam e enriquecem simultaneamente, pois nenhuma virtude tem êxito isoladamente. Elas só podem dar frutos quando unidas uma na outra. Este processo depende do nosso esforço e só floresce quando as dificuldades existem. Ou seja, quando estamos passando por momentos de tribulações e sofrimentos é que essas virtudes desabrocham.
Espero que tenho lhe ajudado um pouco mais neste artigo e se você gostou deste conteúdo, compartilhe com aqueles que você também deseja fazer essa jornada conosco. E não esqueça de deixar o seu GOSTEI maroto, marcando 5 estrelinhas.
Nos veremos no próximo artigo da nossa série onde vamos refletir “Como encontrar caminhos para superar o sofrimento”, até lá.
Referências:
Em busca do sentido, Viktor Frankl e "O sentido salvífico do sofrimento humano"
Marcelo Pereira
Autor do livro: O sentido salvífico do sofrimento humano e apresentador do programa “Na Escola do Sofrimento”.
E-book
As Quatros Virtudes Cardeais
Autor: Marcelo Pereira
No Catecismo da Igreja Católica, estas quatro virtudes levam o nome de Cardeais e também tem nome similar com o mesmo sentido: - Justiça (que é justiça mesmo) - Prudência (que é a inteligência) - Temperança (que é a medida) - Fortaleza (que vem da coragem) As quatro virtudes Cardeais têm como objetivo desenvolver riquezas em nossas almas e de nos conduzir até o nosso verdadeiro eu.
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Excelente conteúdo parabéns Marcelo!